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as 3 fadas / the 3 fairies

quem nunca sonhou com 3 fadas?

26 março, 2006

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Baloiçando
Sento-me na cadeira e espero. Tento perceber o porquê das coisas, o porquê do meu corpo vaguear na procura de um destino traçado…
Olho à minha volta… as almas passam por mim sem que me aperceba. Tento perceber para onde vão… tento entender porque sorriem… porque aceleram o passo. Uma alma sem ter para onde ir não precisa aumentar a cadência do seu andar, a natural magia de dar dois passos.
De repente algo me toca no braço. Desvio o olhar para tentar perceber de que se trata e vejo uma pequena alma, uma daquelas que me questionava há bem pouco tempo… O pequeno rapaz de cara suja, mãos esticadas e enrugadas do uso com pequenos cortes transformados em cicatrizes… pede-me algo para comer! Olho-o nos olhos e lamento-me. Lamento de não ter como fazer esta alma sorrir.
Na minha posse nada tinha que pudesse matar a fome do pequeno infeliz, mas a minha mente não sossegava…
Pedi ao Janício – era assim que o menino se chamava – que se sentasse na minha cadeira de jardim e me esperasse. Janício tinha 7 anos e a mãe deixava-o na rua durante o dia enquanto tentava ganhar a vida num beco menos próprio da cidade.

Acelerei o passo e dirigi-me à padaria mais próxima… Acelerar o passo? Algo que minutos antes não sabia porque o haveria de fazer…
Comprei pão e alguma mercearia e dirige-me apressadamente para o jardim com um sorriso no rosto. Esta alma estava a sorrir! Ironia do destino. Traçado? Talvez sim, talvez não… mas de uma coisa certa, fiz o que devia fazer!

Janício esperava-me! Não se mostrava ansioso. A sua espera iria ser compensada, ele sabia-o… mas já estava habituado a não elevar as expectativas, a não esperar muita coisa… a sentar-se na cadeira da vida sem poder baloiçar.
O menino reconheceu-me de imediato e sorriu… retribuí! Passei-lhe para a mão o que havia comprado e disse-lhe que era o que arranjei no momento. Janício não se mostrou importado com o conteúdo do saco, mas de uma coisa tinha a certeza. Tinha a certeza que naquele momento uma alma o ajudou a sorrir. Agradeceu tocando-me na mão e disse que ia procurar a irmã, de 6 anos, para dividir o que eu lhe havia dado. Não me conti e deixei cair uma lágrima… Janício sorriu e foi embora.
Acelerou o passo, sorridente…

Voltei a sentar-me… com um sorriso na face!
Vi almas a passarem, vi pessoas a sorrirem… percebi o porquê de sorrir, o porquê de se acelerar o passo… o porquê de se viver!
Janício havia mudado o meu dia, mesmo sem se aperceber!
Jamais o saldar da dívida da padaria poderá pagar o que aquele instante fez por mim. O momento mágico apareceu nos olhos daquela criança! Infeliz por viver como vive, feliz por viver… ansiando que a vida um dia o deixe baloiçar na cadeira do jardim…

Mais uma vez sorri e naquele instante só queria uma coisa – que algo me tocasse no braço…
[fada do dentinho]

03 março, 2006

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Ferida Aberta

Vais para onde a noite se esconde
E segues o caminho da tua estrela sem a ver
Tentas alcançar a nuvem da chuva que cai,
devagar,
E tudo fica em silêncio...

Sabes que a saudade devora os pedaços da vida.
Os pedaços do tempo que te foge sem pressas...

Ai, pudesses voar por entre o medo que te domina,
Que te deixa frágil no teu fogaz pensamento de vertigem...
E tudo deixaria de ser breve como o frio de uma manhã de Verão.
Romperás com o deserto vazio do teu dia?
Tudo brilhará como uma navalha limpa do sangue sofrido.
Tudo se erguerá como um novo Sol se ergue todas as manhãs,
E verás,
Que nada foi em vão...
Que tudo foi conseguido...
[que não foi melhor deixar andar]
[fada do dentinho]

21 fevereiro, 2006

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Cada lugar teu

sei de cor cada lugar teu,
atado em mim, a cada lugar meu.
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar,
tento esquecer a mágoa,
guardar só o que é bom de guardar.
pensa em mim protege o que eu te dou.

eu penso em ti
e dou-te o que de melhor eu sou,
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro onde só chega quem não tem medo de naufragar...

fica em mim
que hoje o tempo dói,
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar tudo o que eu te dei...

mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só,

eu vou guardar cada lugar teu,
ancorado a cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo onde só chega quem não tem medo de naufragar ...
[Mafalda Veiga]

15 fevereiro, 2006

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Trovoada

O trovão da meia-noite rachou o meu ouvido.
Da janela do meu quarto,
De outra maneira vazio
Eu vi o teu olhar.
Vi tudo o que preciso...

A trovoada não acalma,
E os meus pensamentos são grandes demais.
O meu tamanho não os suporta...

Eu vou correndo na minha cabeça.
E o sangue corre preso,
Ansiando por ti.
Ansiando a tua presença,
Nos recantos da luz submersa do mais fino baloiçar do teu corpo...

Chamaram-me e eu disse,
Que quero o que disse.
Quem sabe um dia talvez
Tu me venhas pedir
E então eu me chamo outra vez...

[fada do dentinho]

14 fevereiro, 2006

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Partir Copos

"É um ritual de passagem, como tu dizes - tive vontade de dizer. É o proibído. Copos não se partem de propósito.
Quando entramos em restaurantes ou nas nossas casas, temos o cuidado para que os copos não fiquem na borda das coisas. O nosso universo exige que tomemos cuidado para que os copos não caiam ao chão. No entanto, continuei a pensar, quando os partimos sem querer, vemos que não foi tão grave assim. O empregado diz "não tem importância" e nunca na minha vida vi os copos partidos serem incluídos na conta de um restaurante.
Partir copos faz parte da vida e não causamos nenhum dano a nós próprios, ao restaurante, ou ao próximo.
(...)
Parte esse copo, por favor - e liberta-nos de todos esses malditos conceitos, esssa mania que se tem de explicar tudo e só fazer tudo o que os outros aprovam. Parte esse copo...
Num movimento rápido, empurrou-o para o chão "


[Na margem do rio Piedra, eu sentei e chorei - Paulo Coelho]

[Não podemos viver presos ao que todos pensam que é o correcto e presos ao que pensam que é o correcto para nós...
Viver sem poder, por um momento que seja, quebrar com as regras e impôr os nossos desejos e ambições não é viver a nossa vida.
fada do dentinho]

13 fevereiro, 2006

I


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09 fevereiro, 2006

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há vidas que enrolam na areia
como se do mar se tratasse,

há areia que nos foge das mãos
como se de ar se tratasse,

há loucuras que se escondem no olhar
como se de óculos precisasse...

há dor que finge que não doi
como se de beleza se tratasse,

há paixão que dura
como se de pedras se tratasse,

há a tua luz na minha vida, e é,
como se de mais nada precisasse ...


[fada do dentinho]

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Destino

Os monges zen quando querem meditar sentam-se diante de uma rocha: "Agora vou esperar que esta rocha cresça um pouco", pensam.

Diz o mestre:
Tudo à nossa volta está a mudar constantemente. A cada dia, o Sol ilumina um mundo novo. Aquilo a que chamamos de rotina está repleto de novas propostas e opurtunidades. Mas não percebemos que cada dia é diferente do anterior.
Hoje, em algum lugar, um tesouro espera-o. Pode ser um pequeno sorriso, pode ser uma grande conquista - não importa. A vida é feita de pequenos e grandes milagres. Nada é aborrecido porque tudo muda constantemente. O tédio não está no mundo mas na maneira como vemos o mundo.
Como escreveu o poeta T. S. Eliot: "Percorrer muitas estradas/ voltar para casa/ e olhar tudo como se fosse pela primeira vez."



[Paulo Coelho, in Maktub]

07 fevereiro, 2006

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Febre

Reflexos do luar nos teus olhos,
Sentimento de amar a luz entristecida do mais profundo sabor do mar.
Corres para escolher a maresia que chega com o vento matinal,
e abraçar o leve olhar do nevoeiro que se esconde nos mais escondidos recantos dos teus cabelos...

Não sei...
Conhecer o Sol é conhecer-te ...
Olhar o astro que se levanta é cegar os olhos com a luz ofuscante do mais belo que desponta de ti...

Prendes-me...
Soltas a chuva no céu azul e lanças o sublime aroma das asas do teu desejo.
Este estado febril provoca em mim o mais saboroso arrepio,
o mais saboroso perfil do teu corpo.

Procuro-te...
...e encontro-te !

[fada do dentinho]

31 janeiro, 2006

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Puro

Em tudo vejo poesia.
Em tudo vejo pureza.
É virtude?, é defeito?
É apenas o meu jeito.
[António Eco]

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A hipocrisia já não esconde a cara

Mukhtar Mai, considerada por muitos como a mulher mais corajosa do mundo foi vítima da hipocrisía das Nações Unidas, nunca antes manifestada de uma forma tão clara.


A ONU decidiu cancelar uma entrevista a esta paquistanesa vítima de estupro colectivo, por alegadamente não querer constrangir o primeiro ministro paquistanês de visita à organização. A entrevista estava agendada para a televisão da ONU, mas na véspera a instituição mandou informar que a entrevista ficaria "para melhor opurtunidade" para não incomodar Shaukat Aziz.


A história desta mulher conta-se resumidamente da seguinte forma: Mai viveu um drama chocante. Condenada pela Jirga, a corte tribal, da localidade de Meerwala, em junho de 2002, a ser estuprada colectivamente.
Alegadamente o seu irmão mais novo, com 13 anos, manteria uma relação com uma jovem de uma tribo considerada de casta superior. Ofendidas, as pessoas de tal casta exigiram, como vinança, que Mai fosse estuprada em público.

Foi condenada pelo Conselho Tribal e estrupada sucessivamnte por 14 homens, enquanto pedia misericórdia a outros 200 que testemunhavam o acto bárbaro que sofria. Para concluir humilhação foi obrigada a desfilar nua até sua casa.

Esta história seria um dos milhões de casos de violência contra a mulher, com base em crenças religiosas e culturais, não fosse a estrondosa e magnífica coragem de Mai. Indignada e recusando-se a tornar-se mais uma mulher caída no esquecimento enfrentou os seus superiores e o código tribal. Na justiça comum do país pediu punição para os culpados.

Assim foi e Mai recebeu uma indemnização com a qual abriu uma escola, "A escola é o primeiro passo para mudar o mundo. Em geral,o primeiro passo é o que dá mais trabalho, mas é o começo do progresso", disse Mai, que nunca estudou...

Mai viu-se ainda constrangida mais uma vez, quando o governo paquistanês, sob a alegação de que era para sua proteção, limitou os seus movimentos, numa clara tentativa de silenciá-la.

Mai venceu mais esta batalha. Até que a ONU, esquecendo todos os pergaminhos por onde se rege e como guardiã e defensora da declaração universal dos direitos do Homem, decidiu que Mai tem que se calar.

Entre ouvir uma vítima de grave violação dos direitos fundamentais do Homem ou um burocrata oacasional, ficou-se pela segunda opção. Lamentável, no mínimo!

Mai é um simbolo de luta, de inconformismo e esta história percorreu todo o mundo. Não se querendo calar mostrou o que muitos desculpam como sendo a cultura local, não é mais do que actos selváticos, escondidos pelos olhos cegos de quem não quer ver!

A cultura ocidental é tantas vezes criticada pelos seus actos contra o Oriente, mas esta selvagaria practicada em sociedades orientais escondida pelo manto da cultura local é constantemente tida como normal.

Não há homens nem mulheres de segunda. Há sim, seres humanos... e lamento que a ONU se esqueça disso.

A luta da mulher pelo respeito já não tem aliados.

[fada do dentinho]

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Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

[Alexandre O'Neill]

29 janeiro, 2006

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Nada de Nada



Quanto menos vês,menos sabes!
O mundo gira à tua volta e não podes negar a proximidade ofuscante do futuro...
Quanto menos vês menos, menos descobres, menos acreditas naquilo que tens na tua mão enquanto caminhas...

Não te rias antes de sorrir...
Não mostres o que não tens antes de o ter...
Não queiras correr antes de andar... antes de tropeçar em todos os degraus...
Em todos os degraus iluminados da tua curta vida, do neon da tua curta experiência...

Não te ajoelhes se não pretendes rezar...
Não subas a escada se não pretendes lá ficar...
Não fiques se a tua intenção é voltar...

O cigarro que tens nos lábios não é a luz que te ilumina,
Acende um fósforo, pega na lâmpada...
Não fiques pelo mais simples que a vida te dá...
Procura o de mais super que há em ti...
Cavalga as ruas na aurora do dia,
Nada nos lagos de nevoeiro que o frio te trás...
Segura todo o ódio nas mãos e larga-o quando souberes que jamais o verás...

[fada do dentinho]

27 janeiro, 2006

A minha perna do lado


Para Ti ... Para a minha perna do lado ...

Imaginem um tripé…
Já viram o quão simples é?
O conjunto de três pernas não vos diz nada?
Tirem-lhe uma. O que acontece?

A vida é um tripé e ninguém a consegue viver sozinho…
Não basta estar vivo, é preciso saber viver,
E saber viver é dar o valor necessário a cada uma das “pernas”…
É ter o cuidado de tratar da “perna” do lado como se de nós mesmos se tratasse…
A força do tripé está em cada uma das pernas. Está no seu conjunto, na sua intermidável confiança de amar o próximo, de amar o nosso "lado".

Na vida não é diferente…
A minha vida não é diferente…

Que ninguém queira amputar uma parte de si…

Obrigado a ti…
A ti por seres a minha “perna do lado” …


[fada do dentinho]